domingo, 7 de setembro de 2008

Como vai você?



(Walmir Monteiro )

Diante da pergunta acima, sua resposta talvez seja um automático “tudo bem”. Sabemos, entretanto, que uma avaliação sincera pode te levar a descobrir um quadro um pouco diferente, com você sendo chamado a definir o “ainda não definido”, a decidir sua vida, seu futuro. Nossa existência se realiza como arte, ela mesma é sua história e sua arte; de sua significação resultam as escolhas que regem nosso futuro. Constatamos que precisamos de coragem e paciência, ousadia e prudência, cuidado e determinação. Mas nem sempre conseguimos sozinhos enfrentar os desafios da vida, e a psicoterapia entra no espaço em que nos convencemos de que temos que fazer algo pelo nosso viver, e nem sempre o podemos sozinhos. Olhando profunda e atentamente para dentro de si você detecta importantes necessidades não atendidas, revelando, afinal, que depois de alguns desejos seguidos de ilusões e decepções – pode ter restado o desânimo de crer, de buscar, de sustentar a esperança de que as coisas possam melhorar.
E a terapia é o tratamento que – entre outras coisas – busca transformar a desesperança em energia de busca, pois a vida - tal qual se vive rotineiramente - nada mais é que uma tentativa de viver da maneira mais “normal” possível, desconsiderando a importância da pessoa em seu aspecto particular e existencial. E, afinal, nossa maior tarefa não é mudar fora, mas dentro de nós. Mesmo os problemas crescendo externamente, a verdadeira mudança começa internamente, na maneira como encaramos as situações e como nos permitimos ser por elas influenciados. Mesmo que não possamos mudar os fatos, podemos mudar a nossa visão dos fatos, alterando nossa maneira de encarar os conflitos, para que eles não nos tornem pessoas amargas e infelizes.
Contudo, é preciso saber como operar essa mudança para que não nos tornemos pessoas problemáticas, mas que possamos crescer amadurecer e até mesmo inverter os resultados que as situações negativas nos trazem. Refletindo mais profundamente acerca da sua vida e das suas possibilidades, certamente você aceitará que não é preciso sofrer tanto para seguir a vida em frente. O que falta talvez seja a experiência de olhar todos os acontecimentos da vida como complementares. Ainda que negativos úteis. Ainda que dolorosos suportáveis. Ainda que tristes plenos de possibilidades. E Talvez este seu momento te leve a dizer: “Eu apenas queria ter um pouco de paz, segurança, tranqüilidade...” Mas, veja: independente de estar triste, deprimido, angustiado, sofrendo decepções ou com medo de arriscar algo, é sempre possível você reagir e superar, e sustentar a possibilidade de transformar sua vivência dolorosa em experiência de crescimento.
O exercício do ofício de psicoterapeuta tem me mostrado que uma das maiores possibilidades da terapia é permitir a descoberta de novos horizontes de vida. Seja, pois, muito bem-vindo à psicoterapia, um tratamento que visa restaurar equilíbrio e bem-estar, possibilitando que a pessoa se afine consigo mesma e com os seus melhores objetivos de vida.

Nenhum comentário: